Pensei
muito em escrever esse capítulo da minha vida aqui nos Estados Unidos, e várias
pessoas me perguntaram se eu não ia fazê-lo, inclusive meu marido. E aqui
estou, falando de um assunto que nunca deveria existir: a tragédia da escola em
Sand Hook, em Newtown.
Quando soube que ia me mudar, a cidade de Newtown foi minha primeira escolha. Um dos pontos por eu querer me mudar para lá foi o sistema escolar, que é muito bom. Mas o destino acabou me mandando para outra cidade, muito perto dali.
Quando soube que ia me mudar, a cidade de Newtown foi minha primeira escolha. Um dos pontos por eu querer me mudar para lá foi o sistema escolar, que é muito bom. Mas o destino acabou me mandando para outra cidade, muito perto dali.
Newtown é
uma graça, aquela cidadezinha de filme americano, onde as casas da rua
principal te remetem ao passado, todos se conhecem, a vida em comunidade é
muito forte, pessoas sempre com um sorriso no rosto. Eu e meu marido sempre
brincamos que ser policial lá devia ser muito bom porque o máximo que acontece
é roubo de maçã. Ninguém tranca as portas das casas, ninguém tranca o carro.
Vida simples, como se deve ser... Até acontecer o que todos viram ou leram.
Não estou aqui para falar diretamente da tragédia da escola, ninguém precisa de mais especulação sobre o assunto. E, na verdade, não existe explicação. Mas estou aqui para falar como mãe, que viveu de perto a situação, pois tive que fazer minhas escolhas em relação a tudo que se passou.
Não estou aqui para falar diretamente da tragédia da escola, ninguém precisa de mais especulação sobre o assunto. E, na verdade, não existe explicação. Mas estou aqui para falar como mãe, que viveu de perto a situação, pois tive que fazer minhas escolhas em relação a tudo que se passou.
Fiquei
sabendo do fato quando pagava o presente de natal do meu marido. Corri para
pegar o Renan, meu filho mais novo. Depois fui direto pegar a Manu, que era
minha maior preocupação, pois é quem podia compreender o que estava acontecendo.
Entendam: tudo parou por aqui aquele dia. As crianças estavam no ginásio, e
logo de cara notei que ela não sabia de nada. Foi nesse momento que tomei minha
decisão: não contar. Respeito a decisão das mães que contaram, cada uma conhece
seu filho e sabe lidar com ele.
A volta para a escola depois de tudo isso? Muito difícil. Dá vontade de ficar com eles para sempre embaixo de nossas asas, mas não é justo, não podemos deixar o medo nos consumir, deixar de viver, de lutar pela nossa liberdade. Na volta às aulas, quando coloquei a Manoella no ônibus amarelo e ela correu para a mesma janela que sempre me manda um beijo, meu coração apertou e quando o ônibus partiu, eu não conseguia parar de chorar, pois estava vivendo o mesmo momento de muitos pais daquela fatídica sexta-feira, que não vão mais ter essa chance.
Aprendizado? Solidariedade. Apesar da minha decisão de não contar, Manu e Renan sabem que algumas crianças estão indo para uma escola nova, e com isso nossa família, assim como outras na região, estão fazendo flocos de neve de papel para serem pendurados no teto do novo prédio e assim aquecer um pouco o coração das crianças que viveram a tragédia, e precisam seguir em frente.
A volta para a escola depois de tudo isso? Muito difícil. Dá vontade de ficar com eles para sempre embaixo de nossas asas, mas não é justo, não podemos deixar o medo nos consumir, deixar de viver, de lutar pela nossa liberdade. Na volta às aulas, quando coloquei a Manoella no ônibus amarelo e ela correu para a mesma janela que sempre me manda um beijo, meu coração apertou e quando o ônibus partiu, eu não conseguia parar de chorar, pois estava vivendo o mesmo momento de muitos pais daquela fatídica sexta-feira, que não vão mais ter essa chance.
Aprendizado? Solidariedade. Apesar da minha decisão de não contar, Manu e Renan sabem que algumas crianças estão indo para uma escola nova, e com isso nossa família, assim como outras na região, estão fazendo flocos de neve de papel para serem pendurados no teto do novo prédio e assim aquecer um pouco o coração das crianças que viveram a tragédia, e precisam seguir em frente.
Por Paula Aloy - correspondente da Petit Polá nos Estados Unidos
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