segunda-feira, 1 de julho de 2013

Todos juntos somos fortes


As manifestações que tomaram o país neste mês devem ter servido de gancho para ótimas conversas em família. Traduzir para as crianças as lutas de tantos jovens Brasil afora foi um desafio encarado por muitos pais e mães. Sei de gente que é avessa à TV e, por causa dos protestos, fez a família inteira jantar diante da telinha para acompanhar as notícias. Alguns leram juntos jornais e revistas. Muitos confeccionaram no chão da varanda cartazes e bandeiras que foram levados para as ruas. Teve quem participasse de cortejos no Baixo Bebê e em várias pracinhas. Outros carregaram a prole para os protestos de gente grande para sentir a pressão que só a turba é capaz de fazer. 

Para uma geração taxada de conectada com a tecnologia e desconectada da realidade, esses jovens, liderados pelos universitários do Movimento Passe Livre, demonstraram enorme senso de sociedade, enquanto políticos, analistas e jornalistas procuravam, atônitos, explicações para as cenas que testemunhavam. As crianças não. Apresentadas as motivações dos protestos, elas se solidarizavam com as manifestações e se horrorizavam com a truculência da coerção.

Inclinações político-partidárias à parte, vi pais, mães e professores tentando traduzir para os pequeninos o que significavam as emblemáticas imagens daqueles jovens trepados no teto do Congresso Nacional ou no “Meteoro”, do Itamaraty. Com todas as limitações que a pouca idade lhes impõe, muitas crianças puderam perceber, ouvindo as palmas e os gritos de ordem daqueles jovens e tomando chuva de papel picado,a relevância dos recentes movimentos sociais. Ainda que não compreendam o que seja pacto federativo, proposta de emenda constitucional e sequer sejam capazes de calcular somas e subtrações com números decimais, a revolta que começou por causa de R$ 0,20 teve o grande mérito de trazer para dentro das casas e das escolas o conceito de coletividade. De mobilização social. 

Para quem ainda engatinha no assunto, uma maneira prazerosa e didática de falar de política com os miúdos é ver ou ouvir “Os saltimbancos”. Desde os anos 70, a fábula musical de Luiz Enríquez e Sergio Bardotti, com versão em português de Chico Buarque, mostra às crianças o valor do grupo, das decisões colegiadas, dos pleitos comunitários, da democracia, enfim.

Não conhece? Quer ouvir? Clique aqui e vem pra rua, vem!

Por Tatiana Clébicar - colaboradora da Petit Polá no Rio de Janeiro

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